Nota: 9,5
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Link: https://drive.google.com/drive/folders/10V2noVm8ocq858gzmiOFqyJnfjHTIeE-
Resumo da reunião de 20/06/2024
Presentes: Ana Tche, Bernadete, Beth Oliveira, Clara, Cleo, Elzira, Ivone Mussolini, Ida, Janete, Lenita, e Nanci (nova integrante)
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Uma confraternização agradável, que gerou um belo e tocante debate.
Iniciamos com a escolha dos filmes sugeridos para a reunião de 04/07/2024
- A SOCIEDADE LITERÁRIA E A TORTA DE CASCA DE BATATA – Direção: Mike Newell – Filme Escolhido
- OS REJEITADOS – Direção: Alexander Payne
- CLOSE – Direção: Lukas Dhont
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Dias perfeitos
Japão, Alemanha | 2023 | 123 min | Ficção | 12 anos | Direção: Wim Wenders. Roteiro: Wenders e Takuma Takasaki (54 anos)
“Resumo: “Filme de 2023 com direção de Wim Wenders e roteiro de Wim Wenders e Takayuki Takuma. É indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. “O roteiro de “Dias Perfeitos” é lindo em sua singeleza, em sua poesia, em seu komorebi. Wim Wenders é um cineasta que sabe usar as imagens como poucos. Aqui ele nos coloca no meio da cultura japonesa, que serve como pano de fundo para a história de um zelador, com ares de misterioso, sempre introspectivo, calado e atento, presente….”.”Ao construir um protagonista que é perfeitamente feliz e satisfeito em sua rotina, o longa bota em xeque exatamente a ideia de belo e de felicidade: como pode um sujeito que trabalha limpando banheiros públicos pela cidade ver beleza nisso tudo e ainda por cima ser feliz? Nesse sentido, vale observar todo o entorno desse personagem: além de trabalhar em um emprego desprezado socialmente, um de seus passatempos é ler livros comprados em sebos (ou seja, de uma loja que vende livros usados, desprezados pelos seus donos anteriores) e ele se lava em banhos públicos, locais desprezados por ser destinado à pessoas empobrecidas e que evidencia o privilégio que é ter um chuveiro dentro de casa. Tudo isso se torna ainda mais tocante pela primorosa interpretação de Kôji Yashuko, que, sempre sorrindo, entrega sentimentos e profundidade a este indivíduo não enxergado pelo coletivo.”
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Título em japonês, Komorebi (o farfalhar das folhas, filtrando a luz do dia, paz, conexão com a natureza). O título em português puxou da canção de Lou Reed. https://www.youtube.com/watch?v=9wxI4KK9ZYo
Ator principal: Kôji Yashuko (Vamos dançar?) – ele incorporou completamente Hirayama e reconhece que aspira um pouco a viver dessa forma simples. O mesmo diz Wenders, colecionador incansável de vinis: “Consigo ouvir 10% da música que eu tenho. Sinto falta de quando você comprava um álbum e o ouvia todos os dias. […] Eu tenho coisas demais de tudo na minha vida e não tenho tempo suficiente. Hirayama é o homem que eu tenho dentro de mim que tem o suficiente de tudo e não precisa de mais. Ele nunca sente que está perdendo nada.”
O projeto Tokyo Toilet envolve 17 banheiros públicos distintos criados por arquitetos famosos para transcender sua função prática e ser um ponto turístico de interesse arquitetônico – como a caixa de vidro em tons pastel de Shigeru Ban, que fica opaca ao ser trancada. Apesar de ter sido concluído a tempo para osJogos Olímpicos de 2020, sua estréia foi postergada para o ano seguinte, sem público, por causa da pandemia. Seus empresários decidiram então documentá-lo, transformando-os em peça publicitária. Na equipe convocada estava Takasaki, publicitário e escritor – a idéia era produzir pequenos documentários, ou curtas, ou uma instalação. E convidaram Win Wenders, que achou indispensável recorrer à ficção e fazer um longa-metragem. Fez o roteiro com Takasaki e, como sempre, deixou os atores livres para improvisar.
É um filme filosófico e poético, cenários maravilhosos, música perfeita. O fecho final, com Nina Simone cantando Feeling Good… – como não se sentir bem? Inevitável sorrir e enlevar-se com cada uma das atitudes do trabalhador solitário, introspectivo e calado, mas bem-humorado. Hirayama a cada dia se levanta, repete sua metódica e complexa rotina e se dirige ao trabalho para limpar banheiros públicos. Tudo a sua volta atrai um olhar poético e de respeito à natureza – fotografa as sombras e as luzes, recolhe brotos para cultivar em casa. Curtimos junto com ele as músicas que põe para tocar, curtimos seu olhar para as sombras, as luzes, o farfalhar das folhas, nosso olhar se encaminha junto com o dele pela lente da câmara (em fotos que ele manda revelar!). Permanente atitude de respeito: às etapas de seu trabalho, a cada murmúrio da natureza, às pessoas a sua volta – apesar de sua invisibilidade, pelas tarefas que cumpre. Envolve-o um ar de mistério: por seus hábitos e leituras, pelo que se entrevê no encontro com a irmã e a sobrinha, percebe-se um refinamento que permite imaginar algo de sua vida anterior, sua história.
Entrega a criança para a mãe, que o olha quase como se ele pudesse ser um seqüestrador e ele reage com um sorriso. Consola alguém dizendo: “A próxima vez é quando for a próxima vez. Agora é agora”
Nesta entrevista abaixo Wenders confessa a uma jornalista francesa que há uma cena que o faz chorar: quando a sobrinha olha para o tio e finalmente entende quem ele é.
Este texto filosofa muito, mas tem coisas interessantes: https://www.revistabula.com/74987-dias-perfeitos-de-wim-wenders-a-inexoravel-repeticao/
Entrevista com Koji Yakusho, o ator:
Por: Elzira Arantes
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Ernst Wilhelm “Wim” Wenders é um cineasta, dramaturgo, fotógrafo e produtor de cinema alemão, além de uma das mais importantes figuras do Novo Cinema Alemão. Desde 1996, Wenders é presidente da Academia de Cinema Europeu em Berlim. Nascimento: 14 de agosto de 1945.